Potencial da macaúba para o desenvolvimento sustentável

A macaúba, também conhecida como Acrocomia aculeata, é uma das plantas mais promissoras para o desenvolvimento sustentável brasileiro. Com múltiplas utilidades e grande potencial econômico e ambiental, as palmeiras de macaúba podem impulsionar desde a fabricação de alimentos até a de cosméticos.

O que é a macaúba?

A macaúba é uma planta nativa da América Latina que pode ser encontrada em quase todas as regiões do Brasil. Essa palmeira é encontrada, sobretudo, em biomas como o Cerrado, a Mata Atlântica e a Amazônia. Podendo atingir até 15 metros de altura, as palmeiras da macaúba apresentam um uso multifuncional, oferecendo benefícios econômicos e ambientais.

© Fraunhofer IVV
© Fraunhofer IVV

Potencial econômico e ambiental

Essa palmeira tem enorme potencial para o Brasil, pois seu aproveitamento é praticamente integral, permitindo o desenvolvimento de diversos produtos e subprodutos. A partir do caule da macaúba podemos extrair o palmito; das folhas, podemos produzir alimentos para animais; das fibras podemos fabricar redes e cordas e dos troncos podemos construir casas. Além disso, os óleos, extraídos da polpa e das amêndoas, podem ser usados tanto para a alimentação quanto para produzir margarina, cosméticos e sabonetes.

Reconhecida por sua grande capacidade de produzir biodiesel, a macaúba pode render até 26 vezes mais óleo do que a soja. De acordo com pesquisas do Instituto Agronômico (IAC) em São Paulo e Minas Gerais, a produção do óleo da polpa pode chegar a três mil quilos por hectare, em plantios comerciais.

“O óleo da polpa tem 70% de ácido oleico em sua composição, o que o credencia para produção de biodiesel, enquanto o óleo da semente é rico em ácidos graxos de cadeia curta (com até 12 carbonos), o que lhe confere excelente qualidade para as indústrias alimentícia e de cosméticos”, explicou o pesquisador do IAC Carlos Colombo em entrevista.

Além das diversas possibilidades de comercialização, a adaptabilidade da macaúba a diferentes solos e climas realça seu potencial para o desenvolvimento sustentável. Ela pode ser utilizada, por exemplo, para projetos de recuperação ambiental e de reflorestamento, e para a produção de biocombustíveis e de biomassa.  

Projetos Fraunhofer: Pesquisa e Inovação da Macaúba

Confira abaixo os projetos da Fraunhofer para ampliar os conhecimentos sobre a macaúba, seu processamento e suas aplicações.

1. Acrowards (2016 - 2019)

O Acrowards é um projeto do Instituto Fraunhofer de Engenharia de Processos e Embalagens IVV (Fraunhofer IVV), conduzido em parceria com o IAC e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).  Os institutos buscam estudar técnicas de pós-colheita, de processamento e da qualidade de frações obtidas da macaúba. A iniciativa promove a cooperação Brasil-Alemanha para desenvolver tecnologias de fracionamento que permitam separar as frações da matéria-prima do fruto (óleo, proteína e fibras) e, com isso, explorar o potencial da macaúba. 

Para isso, empresas alemãs e brasileiras de toda a cadeia produtiva estão envolvidas no projeto. No total, 15 parceiros representando organizações industriais e de pesquisa no Brasil e na Alemanha participam do projeto. O projeto é financiado pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF).

O Acrowards tem também como objetivo analisar e desenvolver sistemas de cultivo sustentável que integrem boas práticas de cultivo e processamento de forma a garantir o completo uso da macaúba. Com isso, espera-se agregar valor econômico e possibilitar a aplicação de frações da macaúba à produtos alimentícios e não-alimentícios.

2. Acro Alliance (2022 - 2025)

O projeto Acro Alliance dá continuidade às pesquisas do Acrowards  com o foco no desenvolvimento da cadeia de valor sustentável para a macaúba em um ambiente multidisciplinar, juntamente com as principais empresas e instituições de pesquisa em ambos os países interessadas na cadeia. No Brasil, essa iniciativa envolveu três instituições de pesquisa: a Universidade de Viçosa (UFV), o Instituto Agronômico (IAC) e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL). Na Alemanha, dois parceiros aderiram à pesquisa: o Fraunhofer IVV e a Universidade de Hohenheim. Além disso, 11 empresas entraram como parceiros: Speick Naturkosmetik GmbH & Co; INOCAS Innovative; Oil and Carbon Solutions; Investancia Reforestation Oil & Protein; Soleá Brasil; Avicenna Consultoria Cosmética; Brf; Cargill; EDB Polóis Vegetais; e a Mondelez.

3. AcroFibre (2021 - 2023)

As fibras alimentares ganharam atenção graças aos benefícios à saúde associados à sua ingestão. Elas apresentam propriedades que podem ser utilizadas para melhorar a textura, a qualidade e a estabilidade dos produtos. 

As palmeiras de macaúba apresentam um alto potencial tecnológico e boas propriedades funcionais e sensoriais em suas fibras. No entanto, o conhecimento sobre a influência das diferentes espécies de macaúba e sobre as técnicas de processamento ainda é bastante escasso, dificultando a exploração das fibras macaúba como ingredientes alimentares.

O AcroFibre busca solucionar esse entrave. O projeto é uma parceria entre o Fraunhofer IVV, o ITAL e o IAC e tem como objetivo desenvolver fibras dietéticas funcionais a partir da polpa da macaúba. Para isso, o projeto prevê a identificação de matérias-primas e de técnicas adequadas de processamento, bem como a criação de ferramentas de inteligência artificial que prevejam o grau de funcionalidades das fibras em produtos alimentares.

Considerações finais

As pesquisas sobre a macaúba desenvolvidas pelo Fraunhofer em parceria com diferentes empresas e institutos têm impactos positivos para o setor de agricultura e para os produtores de alimentos. Os estudos e tecnologias desenvolvidos não só melhoram as técnicas de processamento e extração da planta, mas também possibilitam o desenvolvimento de produtos que atendam à crescente demanda dos consumidores por produtos alimentares saudáveis e sustentáveis.

Gostou de conhecer mais sobre a macaúba? Compartilhe este artigo e ajude a divulgar os benefícios dessa planta nativa para a economia e para o meio ambiente.

Texto:

Raissa Raninne

                                                                                         Revisão:

Lívia Moraes