Instituto Fraunhofer IVV e parceiros brasileiros desenvolvem estudo sobre o potencial de produção da macaúba
O Instituto Fraunhofer para Engenharia de Processos e Embalagens IVV, em parceria com entidades brasileiras e alemãs, desenvolve projeto sobre o desenvolvimento sustentável e o sistema de cultivo da Macaúba. O projeto tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP) e do Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF), suas atividades tiveram inicio em 2016 e deverão ser finalizadas até 2019.
A Macaúba é uma planta nativa do Brasil encontrada em quase todas as regiões do país. Dentre as características dessa palmeira destaca-se o seu grande potencial para a produção de biodiesel, podendo render até 26 vezes mais óleo do que a soja. Além disso, também possui aplicações na indústria alimentícia e cosmética.
A pesquisa teuto-brasileira é focada na análise genética da espécie, na verificação da diversidade de ambientes para produção e no desenvolvimento da cadeia produtiva através da busca por novos produtos e aplicações de valor agregado.
Com o objetivo de apresentar e planejar o projeto, no último dia 06 de março foi realizada uma reunião com as instituições envolvidas na pesquisa. O encontro ocorreu nas dependências do Instituto Agronômico (IAC) e contou com a participação de pesquisadores do IAC, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e do Instituto de Economia Agrícola (IEA), todos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, bem como dos pesquisadores do Fraunhofer IVV. Pós-graduandos do IAC e do Fraunhofer também compareceram à reunião. Após o encontro, o grupo visitou um campo de macaúba monitorado há cinco anos pelo IAC, no município de Itapira.
De acordo com Alexandre Martins Moreira, gerente de desenvolvimento de negócios e gestão de projetos do Centro de Projetos Fraunhofer para Inovação em Alimentos e Recursos Renováveis no ITAL, esse encontro faz parte da dinâmica dos projetos do Instituto Fraunhofer IVV.
Peter Eisner, chefe de engenharia de processos do Instituto Fraunhofer IVV, declarou que essa reunião foi de grande importância para que os parceiros se familiarizem com as competências de cada membro, tendo em vista que a pesquisa é multidisciplinar e conta com mais de cinco parceiros. O especialista também falou sobre o potencial de aplicação de produtos da macaúba e apontou as possibilidades de uso da palmeira, que envolvem a produção de biocombustível, as indústrias farmoquímica e alimentícia, além da utilização das fibras da planta.
Segundo Eisner todo o processo deve ser desenvolvido de acordo com a legislação alemã de baixo impacto ambiental. Durante a reunião também foi apresentada as empresas que possuem parcerias com o Instituto IVV e irão participar do projeto, como as alemãs Bechem (seguimento de lubrificantes), HPX (Polímeros), Naturhaus (Tintas), Salzgitter Manesmann (Mineradora) e a brasileira Aco LifeCo (Emulsões/Alimentos).
Durante o encontro o pesquisador do IAC, Carlos Colombo, ressaltou o aumento do interesse da indústria e da ciência pela macaúba. “Iniciei as pesquisas há nove anos e antes havia poucas pesquisas. Hoje, essa espécie atrai pesquisas devido às possibilidades de uso alimentício e industrial”. O pesquisador também destacou os aspectos que promovem a inclusão social e sustentável na cultura da macaúba, tendo em vista que a planta está presente em regiões de relevo acidentado, o que torna inviável uma colheita mecanizada, sendo necessária a utilização de mão de obra humana.
Estudos sobre a Macaúba, realizados pelo IAC e pela A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), no Polo Leste Paulista, mostraram que, considerando as plantas mais promissoras, a produção anual de óleo pode chegar a 10.902 quilos, por hectare, em uma produção por planta de quatro cachos de 400 frutos e 400 plantas por hectare. Comparando este resultado com a produção de outras espécies, como soja, girassol, mamona e dendê, estes geram, respectivamente, 420, 890, 1.320 e 6 mil a 8 mil litros de óleo, por hectare. As plantas que apresentam os mais altos teores de óleo por fruto podem atingir níveis de produção de 1.226 quilos, por hectare.
Com Informações: IAC