Fraunhofer IGB apresenta desafios e oportunidades para Economia Circular
O atual modelo econômico linear baseado em extrair, transformar e descartar, está a cada dia sendo mais questionado. Com a demanda da sociedade e a orientação de especialistas, novas formas mais sustentáveis de produzir e consumir estão sendo adotadas por muitos países. No Brasil, já existe uma procura pelo entendimento do conceito de economia circular. De acordo com uma pesquisa nacional realizada pela CNI, 70% das empresas não sabem o que é a economia circular. Por outro lado, quando questionadas sobre quais ações elas praticam em relação a reciclagem, reuso ou remanufatura, 76% exercem algum tipo de ação. A pesquisa nos leva a entender que é necessário um esforço em relação a comunicação e divulgação desse modelo de produção. Esses e outros tópicos foram abordados no Workshop of Circular Economy: Challenges e New Opportunities, realizado no dia 08 de outubro em São Paulo, pelo Instituto Fraunhofer para Engenharia de Interfaces e Biotecnologia – IGB.
No âmbito do evento a Dra. Luciana Vieira, pesquisadora do grupo de catálise (BioCat) do Fraunhofer IGB, apresentou diversos projetos nos quais o instituto está envolvido e mostrou que os três pilares para promover a economia circular são: recursos, tecnologias e diversidade de produtos. Além disso, ela reforçou a importância e viabilidade de novos modelos de negócios.
“As mudanças climáticas e a limitação de recursos são fatores que impulsionam as transformações. Vivemos um modelo linear de produção e, portanto, é fundamental mudar esse modelo para modelos mais sustentáveis. Infelizmente isso nem sempre é barato, porém em um cenário a longo prazo, produtos de origem fóssil terão uma taxação maior, o que a viabilizará o desenvolvimento de negócios a partir de recursos renováveis. ” comentou a pesquisadora.
Dra. Vieira relembrou a posição da Alemanha diante ao acordo de Paris. O país se compromete a reduzir 30% das emissões de CO2 até 2030, e até 2050 a emissão deve chegar a zero. Entretanto, isso não significa que vão parar de emitir, mas que a emissão será regulada e o que os gases emitidos podem ser reutilizados, para chegar num processo de emissão zero.
O que pode ser feito com CO2?
Existe uma infinidade de processos, não só em escala de laboratório, mas também em demonstração comercial, nos quais há a captação do dióxido de carbono para transformação em produtos. O Fraunhofer IGB atua com diversas rotas catalíticas para a transformação de CO2 em metanol, etileno, ácido fórmico, ácido lático, ácido glicólico, monômeros para polímeros, entre outros produtos. Normalmente o processo de utilização de CO2 necessita de hidrogênio, que por sua vez pode ser obtido a partir da hidrólise da água utilizando energia renovável. Dessa forma, é possível chegar nessa infinidade produtos a partir de três componentes principais: CO2, agua e energia renovável. Com isso, a energia renovável é utilizada como um recurso para indústria química.
Um dos projetos destacados pelo IGB consiste na transformação catalítica do CO2 — proveniente de uma planta de biogás — em etileno. Diversas tecnologias estão sendo desenvolvidas para a captura e purificação do dióxido de carbono, além da conversão em etileno. Outro projeto utiliza as mais recentes tecnologias para retirar este gás diretamente da atmosfera. Combinações de processos eletroquímicos e biocatalíticos garantem a conversão do CO2 capturado em produtos de maior valor agregado.
Além da utilização de CO2, diversos tópicos como reciclagem de plásticos, ciclo de vida dos materiais e uso de biomassa em produtos de interesse para a indústria química foram discutidos.
Além do Fraunhofer IGB, participaram do evento apresentando cases de sucesso e reforçando a discussão sobre o tema, representantes do Fraunhofer IVV, CNI, USP São Carlos e das empresas Dow e Braskem.