Todos os anos, cerca de 20% da colheita mundial de cacau possui fungos, vírus ou bactérias. Esses frutos com “defeito” são eliminados pelos produtores de cacau ou misturados com frutos saudáveis, o que reduz a qualidade do cacau e do chocolate. O Fraunhofer IVV, juntou-se a um consórcio germano-brasileiro para encontrar formas alternativas de uso para esses supostos rejeitos. 

O projeto “Damaged Beans” tem como principal objetivo auxiliar a indústria cosmética. As doenças causadas por fungos alteram as propriedades de fusão da manteiga de cacau, que também é utilizada em produtos de higiene pessoal. Esta amolece a temperatura ambiente e corporal. Embora isso não seja ideal para a produção de chocolate, é uma vantagem em aplicações cosméticas.

Alterações na composição de aminoácidos e proteínas nas sementes de cacau danificadas também aumentam as suas propriedades gelificantes e espessantes. Por exemplo, estes frutos podem substituir os acrilatos em produtos cosméticos, os quais são prejudiciais ao meio-ambiente.

O cacaueiro reage aos ataques microbianos gerando mais materiais vegetais secundários com propriedades antioxidantes e antimicrobianas, que, por sua vez, podem aumentar a estabilidade e o prazo de validade de cremes, champôs e produtos similares. 

Este projeto, financiado pelo Ministério Federal Alemão dos Assuntos Económicos e Energia, tem como objetivo não só salvar do lixo as sementes de cacau danificadas, mas também melhorar a situação dos produtores de cacau em todo o mundo, proporcionando oportunidades para novas aplicações. O objetivo aumentará também a carteira de ingredientes sustentáveis utilizados na indústria cosmética - uma situação em que todos ganham ao longo da cadeia de valor.

Texto:

Fraunhofer Magazine

                                                                                    Adaptação:

                                                                                                                Lívia Moraes